terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Umbanda praiana

Faz dez anos que, vira e mexe, desco a serra (engrenado) rodeado por umbandistas que aproveitam a descida pela anchieta para fazer oferendas nos riachos e encruzilhadas da serra. (Coisa que não acontece na imigrantes)

De acordo com Pai Jamil Rachid tudo começou quando só tinha mato ao redor da praia, e nem rua tinha. Era novembro de 1969, e o prefeito e o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Praia Grande entraram em contato com várias federações sobre a possibilidade da realização do culto nas areias de Praia Grande, pois a cidade recém-emancipada oferecia 2 condições essenciais para as oferendas: muito espaço (23 km de areia), a aceitação e a colaboração das autoridades do povo. Assim nasceu a realização da 1ª festa, que contou com aproximadamente 15.000 participantes.

Dizem os organizadores que meio milhão de pessoas frequentaram a festa nos anos seguintes, e que na época da festa a cidade ficava sem água e sem comida. Mas no começo do novo milenio muita gente rodopiou até as igrejas pentecostais, rodando e rodando, até cair de volta nos braços da deusa do mar.

Para Graciana Miguel Fernandes, presidente da União Espírita Santista, "Umbanda é sectarismo do Catolicismo, pois os seus santos têm o nome diferente mas são os mesmos. Porém, é óbvio que existe uma mistificação no espiritismo, em todas as suas facções". Poliglotas convictos estão convidados a ler meu texto em Inglês sobre a umbanda. (http://www.fortunecity.com/skyscraper/parallax/1548/id64.htm)

Para os outros: A Umbanda nasceu em Niteroi, através do médium Zélio Fernandino de Moraes que trabalhava na federação espírita daquele estado. Era época de Kardecismo, e ele foi convidado a participar da Mesa Espírita. Ao serem iniciados os trabalhos, manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. Eram espíritos das religiões do nordeste, da encantaria, da pajelança. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina). As madames presentes não queriam estes espíritos confraternizando com os espíritos de seus parentes milionarios, mortos.

As entidades do Zelio deram seus nomes como Caboclo das Sete encruzilhadas e Pai Antônio. No dia seguinte, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda espírita Nossa Senhora da Piedade. Zélio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" (voltado à caridade assistencial, sem cobrança e sem fazer o mal e priorizando o bem. A kimbanda veio depois.....

Uma das coisas mais simpaticas da festa em Praia Grande é a confraternização de casas do estado inteiro. Veja aqui um post do pessoal de Bauru: Amanhã à noite, bauruenses vão seguir de caravana para Praia Grande (litoral de São Paulo) para a festa de Iemanjá, a rainha do mar, que será realizada naquela cidade no sábado à noite. Para homenagear a rainha do mar, os membros do terreiro vão levar muitas flores, perfumes e barco em miniatura, que serão lançados no oceano. A festa começa no sábado à noite e a caravana retorna a Bauru apenas no domingo. Outros terreiros de Bauru também estão organizando caravanas, que vão encontrar-se com pessoas de todo o Estado de São Paulo.

Recomendo para qualquer pessoa uma noite nos barzinhos em volta da praia, na melhor companhia, rodeado pelos umbandistas e seus altares decorativos.

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